22 de novembro de 2019 - Na manhão de hoje, a Associação PanAmazonia realizou reunião de seu Conselho Diretor, a qual se aproveitou para fazer uma mesa redonda sobre "cenários de negócios em 2020". Participaram como debatedores: Dr. Jaime Benchimol - Presidente da Fogás; Aristarco Neto - Presidente do Grupo Simões; e Romero Reis - Diretor da RD Engenharia. Os debates foram excelentes, muito informativos, esclarecedores, oferecendo clara visão sobre perspectivas de negócios nas condições econômicas e políticas para o próximo ano.






Notas esquemáticas da mesa redonda sobre o tema "cenários de negócios para 2020", tendo como debatedores Dr. Jaime Benchimol, Aristarco Neto, e Romero Reis, contando com a participação de empresários membros do Conselho Diretor da PanAmazônia, em reunião realizada no dia 22/11:

Temas e opiniões dos debatedores.

1. Cenário geral de negócios para o próximo ano.

A.   Dr. Jaime Benchimol: cenário é positivo, com potencial para o PIB superar as previsões dos economistas e chegar a um aumento de 3% em 2020, e até a 6% em 2022. Ou seja, expectativa muito superior às previsões correntes. 

B.   Romero Reis: embora o ambiente seja hostil, o cenário vai se tornar gradativamente mais positivo a medida que as reformas avancem. 

C.   Aristarco Neto: O crescimento deve ser gradual. A previsão é que só em 2024 a 2025 o índice de desemprego retorne ao patamar de um digito. O dólar continuara flutuando. Os juros tem trajetória de baixa. Há, contudo, elementos positivos, como, por exemplo, o equilíbrio que se observa nas medidas tomadas pelo governo federal, as quais são boas para a economia. 

2. Futuro da ZFM.

A.   Dr. Jaime Benchimol: a economia do Amazonas pegará "carona" no crescimento do Brasil, tendo a nosso favor inúmeros fatores, como, por exemplo, a boa vontade do Governo Federal, a excelente relação com o Planalto e o empenho do atual Superintendente da Suframa. Com efeito, o estado do Amazonas está relativamente bem posicionado para aproveitar os ganhos que o País venha a ter. Faz-se imperioso, contudo, diminuir a dependência dos incentivos e desenvolver as vocações econômicas naturais do Amazonas, como é o caso da mineração. A logística também precisa ser melhorada. A pavimentação da BR-319, por exemplo, traria enormes benefícios, como redução no tempo de estoque em trânsito e conseqüente diminuição do custo de vida em Manaus. 

B.   Romero Reis: Manaus, embora sem essa vocação, se destacou e se consolidou como fabricante de motocicletas. Para fortalecer a ZFM industrial precisa-se de foco em um mix de soluções técnicas e profissionais, o que exige grande esforço de coordenação. O modelo industrial incentivado não é suficiente, contudo. Há a necessidade de diversificar a economia, o que requer investimentos em infraestrutura e logística. Faz-se necessário também desenvolver Manaus como destino turístico internacional, para tanto muita coisa precisa ser feita antes, como por exemplo: fortalecer o modal aéreo, desonerar o querosene, construir a segunda pista do aeroporto internacional, desenvolver circuitos turísticos, investir em treinamento, atrair mais cruzeiros, desenvolver rede de oferta de serviços em Manaus. 

C.   Aristarco Neto: As fabricas hoje estão mais automatizadas/robotizadas e portanto tem menos empregados. E necessário que assim sejam para que possam competir. Provavelmente as mesmas fabricas não terão como recompor seus quadros em número igual aos ja vivenciados. Temos que incorporar novos segmentos de negócios.  

3. É hora de investir ou de desenvestir?

A.   Dr. Jaime Benchimol: em geral, o nível de investimentos privados vem aumentando. Já os investimentos públicos estão em retração por orientação do governo federal de tornar o estado menor. É importante estar-se atento ao ambiente macroeconômico e político, mas o empresário não pode depender da situação geral da economia para empreender. A decisão de investir ou não deve ser individual, de cada organização. Ou seja, não se deve depender do cenário econômico para prosperar. Cada organização deve analisar sua própria situação e decidir sobre os investimentos. Lembrando que muitas empresas crescem em cenários adversos. 

B.   Aristarco Neto: investir ou não é decisão que depende do negócio de cada empresa e não do cenário geral da economia. Cada empresário tem de avaliar e decidir levando em consideração suas peculiaridades. Depende de cada segmento. Tem de olhar-se para frente e, se o  empresário acredita no negócio dele, agora é hora de semear. Priorizar investimentos estruturais. Contudo, o empresário deve sempre perguntar-se: "se invisto e tudo dá errado, sobrevivo mesmo assim?" Se a resposta for negativa, não se deve investir. Ou seja, é importante continuar investindo, mas com cautela, com o "pé no freio". 

4. Investir no exterior?

A.   Dr. Jaime Benchimol: o Brasil tem muitas oportunidades, sendo melhor explorar os potenciais da economia doméstica antes de pensar em investir no exterior. 

B.   Aristarco Neto: o cenário econômico e político mundial é muito turbulento. A guerra comercial entre USA e China causa muitas incertezas. O risco de ser mal sucedido em investimentos no exterior é muito grande. Muita gente tem perdido dinheiro fora do país. 

5. Em quais setores da economia investir?

A.   Dr. Jaime Benchimol: o setor de serviços responde por 85% do PIB nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, em torno de 70%. É no setor de serviços que estão as oportunidades: saúde, alimentação, lazer, turismo, etc. Deve evitar-se investimentos na indústria e ter cuidado com o comércio varejista, pois o impacto do e-commerce exerce forte pressão de margens de lucro, o que constitui considerável desafio. 

B.   Aristarco Neto: a soja vai muito bem. Há uma grande animação com o setor nos estados onde há forte produção dessa commodity. Outro setor que vai muito bem é de revenda de veículos. 

6. Impacto das reformas do governo.

A.   Jaime Benchimol: há urgência em cortar impostos. O atual governo representa a oportunidade histórica de implantar-se o liberalismo econômico no Brasil, algo que, há pouco tempo, parecia um sonho impossível. As reformas são positivas e terão grande impacto favorável para a iniciativa privada. A medida que contribuem para o aquecimento da economia brasileira, são positivas para a ZFM que passaria a "surfar na onda" de crescimento do Brasil. 

B.   Aristarco Neto: A sociedade nao parece disposta a arcar o custo necessário ao ajuste que se faz necessário nas contas publicas. O mérito do governo tem sido de promover as reformas via congresso nacional, deixando claro a sociedade que as mudanças são necessárias ao País. O que temos que tomar cuidado e nao promover reformas que causem ruptura no tecido social do Brasil. Macri fez na Argentina algumas medidas necessárias porem as mesmas nao foram suportadas pela sociedade e aí dá-se a volta do populismo. Creio que as reformas tributária e administrativa irão avançar porem e preciso muita habilidade neste processo.. Para a ZFM, a reforma tributária pode vir a ser positiva pois acabaria de vez com discussões infindáveis, como ocorre em torno do PIS/COFINS. É preciso contudo que o Amazonas se resguarde, pois temos pouca representatividade política nacional, o que é uma ameaça. Com a eventual implementação das reformas, não haverá mais condições para o Estado apoiar a iniciativa privada, e prevalecerá a livre economia, com ampla concorrência, cenário para o qual todos empresários devem estar preparados. Impacto das reformas. 

C.   Romero Reis: As reformas se iniciaram no governo Temer e continuarão a ocorrer no governo Bolsonaro, acarretando significativas e positivas mudanças para o empresariado. No tocante à ZFM, tem-se de deixar explicito na Lei o interesse do Amazonas, ou seja, manter intocados os diferenciais competitivos que temos. Manter é vital, diversificar é a saída. A desindustrialização é uma ameça, pois a incapacidade de gerar empregos levaria a emigração em massa, como ocorreu, por exemplo, em Detroit. Para avançar com um projeto de desenvolvimento de Manaus, também há de rever-se o código florestal que constitui entrave para a prosperidade de Manaus e do Amazonas.

8. Privatização da refinaria 

Dr. Jaime Benchimol: trata-se de avanço muito positivo. A refinaria está tendo prejuízos sob controle da Petrobrás. A privatização é importante para Manaus em muitos aspectos, em especial, por destravar o fornecimento de gás a preço competitivo. Quanto ao refino de petróleo é igualmente importante, mas deve ter-se em mente que o petróleo não tem um futuro promissor a longo prazo.