Em nota pública divulgada nesta sexta-feira, 10, a Associação PanAmazônia sugere a revisão do aumento da carga tributária aprovada ano passado pela Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
Endereçada aos deputados e também ao Governo do Estado, que é autor do Projeto de Lei Complementar 18/2022, a nota da PanAmazônia argumenta que o recuo na desoneração de impostos federais permite ao Amazonas rever o aumento da carga tributária estadual, votada no contexto de perda de arrecadação.
"O argumento que prevaleceu foi de que o aumento (de impostos no Amazonas) se impunha em razão de suposta necessidade de 'reequilíbrio fiscal' por eventuais perdas de arrecadação decorrentes da desoneração dos combustíveis", aponta, a PanAmazônia, lembrando que as medidas já estão sendo revistas pelo Executivo Federal.
Assinada pelo fundador e atual diretor executivo da Associação, Belisário Arce, a nota alerta que uma eventual manutenção do aumento do ICMS "engendra a possibilidade de perigosos efeitos econômicos e sociais para a população amazonense, afligindo, especialmente, os mais pobres".
Além disso, sustenta a PanAmazônia, o Amazonas registra sucessivos recordes de arrecadação, os pagamentos estão em dia, são poucos os compromissos decorrentes de empréstimos e é baixo o endividamento do Estado.
Em evento no Teatro Amazonas, o Diretor Executivo da PanAmazônia entregou a nota em mãos ao governador Wilson Lima.
Abaixo, texto integral da nota:
NOTA PÚBLICA
Necessidade de revisão do aumento da
carga tributária
A Associação PanAmazônia insta o Poder Executivo do estado do Amazonas e a Assembleia Legislativa a reverem a decisão que levou à aprovação, em 14/12/2022, do Projeto de Lei Complementar 18/2022, majorando a carga tributária, em especial, as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 18% para 20%.
Na ocasião, o argumento que prevaleceu foi de que o aumento se impunha em razão de suposta necessidade de "reequilíbrio fiscal" por eventuais perdas de arrecadação decorrentes da desoneração dos combustíveis, a qual foi resultado de decisões tomadas pelo governo federal em 2022. Essas medidas já começaram a ser revistas pelo Executivo Federal e pelo STF, além de outras alterações que entram em vigor, brevemente, sobre o método de tributação dos combustíveis. Com efeito, fragiliza-se a justificativa para a manutenção do aumento do ICMS, o qual, se permanecer, engendra a possibilidade de perigosos efeitos econômicos e sociais para a população amazonense, afligindo, especialmente, os mais pobres.
O Amazonas registra sucessivos
recordes de arrecadação, os pagamentos estão em dia, são poucos os compromissos
decorrentes de empréstimos e é baixo o endividamento. Assim, a expectativa
seria de que o governo diminuísse a carga tributária, não o contrário.
Aparentemente, não há dificuldades de caixa. Mas, mesmo que houvesse, valeria a
pena avaliar outras alternativas para recompor as finanças do estado, com foco
no aumento da base tributada, não na majoração de alíquotas. Isso propiciaria,
além da arrecadação adicional, que o governo argumenta ser necessária, a
geração de mais empregos e prosperidade para a população do Amazonas. Carga
tributária mais pesada, ao contrário, inibe o desenvolvimento.
Não se pode deixar de atentar para
as questões logísticas peculiares do Amazonas, as quais acarretam custos
maiores do que em outras regiões do País. É preciso reduzir esses custos. O aumento
da carga tributária vai no sentido oposto.
Vale mencionar que a arrecadação per
capita no amazonas é uma das maiores do Brasil, em patamar similar à do estado
de São Paulo. Dessarte, o governo do Amazonas deveria buscar eficiência
e enxugar a máquina pública de modo a criar ambiente atrativo para novos
investimentos nacionais e estrangeiros que, nas presentes condições, preferem
outros estados da Federação. Ao aumentar
a carga tributária, faz o contrário.
Cabe considerar que, entre os países membros da OCDE, o Brasil se encontra na última posição no que tange ao retorno dos impostos em forma de serviços para a população, apesar de nossa carga tributária estar acima da média mundial. A melhoria da eficiência do uso dos recursos públicos, necessariamente, deve ser lavada em conta.
A sociedade Amazonense anseia por
uma economia mais livre, mais ágil, mais competitiva.
Diante do exposto, solicitamos
ao governador Wilson Lima e aos Deputados Estaduais que reconsiderem o que foi
decidido ou que, ao menos, se adie a entrada em vigor da nova alíquota modal do
ICMS por seis meses ou até quando se venha a ter a perfeita noção do impacto
das medidas tributárias que estão sendo discutidas em Brasília, assim como o que
acontecerá com a aplicação das leis complementares 192 e 194, de modo que se
possa ter uma visão melhor da situação de caixa do Amazonas. Em outras
palavras, que não se inicie a cobrança de alíquotas majoradas, sem a absoluta
certeza de que seja imperativo, evitando danos que certamente adviriam para a
economia do Amazonas pelo aumento da carga tributária.
É oportuno, ainda, atentar que é
sempre melhor dar mais liberdade aos consumidores e empresários, para que esses
decidam como melhor alocar seus recursos, ao invés de transferi-los para o
Estado, prática adversa à prosperidade
que todos aspiramos.
Juntos por um Amazonas mais forte e
competitivo.
Manaus,
10 de março de 2023.
Belisário
Arce
Fundador
e Diretor Executivo
Associação PanAmazônia
Por uma Amazônia altiva, integrada e
próspera!